sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Prólogo - It Was Just A Dream

Ela estava ali o tempo todo. Distante. Sem sequer notar a presença de centenas de estudantes que andavam feito zumbis pela biblioteca de UCLA. Era assim que ela os via, filhinhos de papai que mal sabiam o que estavam fazendo ali, se não para agradar a família que sonhava por eles. É assim que a vida real é feita, certo? O sistema.Você deixa que vivam por você, sonhem por você, e façam suas escolhas. Isso tudo desde que não tenha que se preocupar com o dinheiro.

Dois anos. Passaram-se dois anos e sete dias desde que (SeuNomeTodo) entrara na faculdade. De inicio recusou-se a falar com qualquer outra pessoa, nos primeiros dias foi analisada pela conselheira e teve algumas sessões onde a única coisa que fazia era olhar para o rosto da velha com desdém. Rindo por dentro e pensando em como eram tolos. Também houve os dias de provocações, como ela era praticamente uma caloura, por assim se dizer, as veteranas  insistiam em provocá-la no refeitório ou no pátio com piadas sobre ser o lodo de Miami. Quem diria que um dia seu próprio vocabulário se voltaria contra ela mesma? Mas, não durou muito tempo até a morena ganhar respeito naquela Universidade. Como? Namorando seu professor de trinta e cinco anos, casado. Deus. Ela estava farta de viver sob provocações, de sentir na pele o que por vários anos fez com outras pessoas.

A vida não deveria ser justa? (SeuNome) já não era mais aquela menina popular de alguns anos, ela mudara, o término do ensino médio a fez mudar, não deveria ser mais fácil? Pois a cada noite, sentia nojo de si mesma, ao sentir os braços daquele homem em volta de si. Ela havia desacreditado. Viveu um romance perfeito com Diego baseado em uma mentira. Pierre…Poderia ter sido diferente, se ela o amasse. Qual o problema com ela afinal? Se apaixonar não deveria ser tão difícil assim.

Agora, deitada em sua cama, com a perna esquerda flexionada, fitava o teto descascado de seu dormitório em UCLA. Fazia isso com mais frequência do que gostaria de admitir. Não tinha muitas opções. E (SeuNome) gostava disso, passar horas pensando em sua vida passada, revivendo cada dia, cada detalhe, como se o agora não existisse. Como se o presente fosse apenas um protetor de tela. Era assim que gostava de pensar, amenizava a angustia. Batia com o dedo indicador freneticamente na parede ao lado da cama como um passatempo. Era seu ultimo dia de aula antes das férias, (SeuNome) levantou um pouco mais animada, com as malas já arrumadas, tomou um banho gelado e deu uma ultima olhada no quarto antes de sair, rumando direto para o aeroporto. Destino? Nova York.

**

(SeuNome) podia ver a grande cidade pelo vidro e soltou um longo suspiro imaginando como seria viver um sonho naquele lugar. Após algumas horas desconfortáveis de voo, o avião finalmente pousou no aeroporto movimentado, as pessoas iam e vinham em tamanha quantidade que mais parecia uma excursão. A morena caminhou segurando as duas malas por entre a grande estação, procurando por alguém conhecido, e já estava ficando impaciente por ter que esperar, sentindo-se uma idiota em meio a tanta gente.

– (SeuSobrenome)! - uma voz conhecida e tomada por ironia preencheu seus ouvidos. A morena sorriu e se virou para encarar a garota que se aproximava. - Devo mentir e dizer que estava com saudades?

(SeuNome) revirou o olhos e largou as malas no chão para dar um abraço apertado na amiga.

– Também senti sua falta, Lauren. - disse sincera. Lauren separou-se do abraço e pegou uma de suas malas, fazendo sinal para que a seguisse. - Não pensei que fosse me convidar para passar as férias em sua casa depois do tapa que levou. - comentou sarcástica enquanto entrava no carro de Lauren e deixava a mala no banco de trás.

A morena revirou os olhos e ligou o carro.

– Ainda tenho a marca dos seus dedos no meu rosto, garota. - a pequena morena rebateu fingindo estar indignada. (SeuNome) sorriu e acariciou o ombro dela. - Não que eu me importe, mas como estão as coisas?

(SeuNome) se endireitou no banco com uma expressão incomodada, pois sabia das implicâncias de Lauren com a vida social dela, e não a acusava. Sabia que estava sendo uma vadia, quase uma prostituta. Esse pensamento fez seu estômago embrulhar.

– Estudos, almoço, estudos, janta, estudos, dormir, estudos, almoço… - repetiu mais para si mesma do que para a amiga.

– Ainda está saindo com a múmia? - provocou.

Lauren estava guardando insultos desde o dia que partiram de Miami, e não seria agora, que as duas viveriam alguns meses sob o mesmo teto, que ela deixaria de pronuncia-los. Mas, (SeuNome) também tinha suas armas, e como boas amigas que eram, viviam a base de provocações.

– E você ainda está de olho naquele dragão que conheceu na biblioteca?

A pequena morena cerrou os dentes e apertou o volante com mais força que o necessário. (SeuNome) não deixou essa reação passar despercebida e sentiu-se mal pela amiga, tocar naquele assunto a fazia se lembrar de uma certa pessoa que Lauren deixara em Miami.

– Desculpe.

Silencio.

Era sempre assim. Suas discussões começavam com farpas, e alguns minutos depois, estavam se insultando para mais tarde atacarem a vida pessoal uma da outra. Mas, a verdade é que elas se amavam. (SeuNome) e Lauren se conheciam desde pequenas, as famílias (SeuSobrenome) e Jauregui sempre foram muito ligadas, juntamente com a família de Camila, a quem (SeuNome) sempre desconfiou ter uma queda por Lauren. E vice e versa. Elas eram conhecidas na escola como casal Camren e gostavam. Agora, essa união parecia se desfazer a medida do tempo, e Lauren já não era mais a mesma desde que deixara Miami para seguir seus sonhos em New York, junto com Selena e Demi.

– Como estão Selena e Demi? - (SeuNome) perguntou quebrando o silencio que se preenchera entre elas. Lauren olhou de esguelha para (SeuNome), e pareceu medir as palavras.

– Selena conseguiu entrar em NYADA, parece mais uma criança que acabou de ganhar uma boneca. - respondeu mantendo a concentração totalmente na pista a sua frente, e como (SeuNome) a conhecia muito bem, sabia que havia algo errado.

– E Demi? - Lauren ficou paralisada. Esperou alguns segundos pensando numa melhor forma de dizer a verdade, e como ela era Lauren Jauregui, não via outra forma de contar a não ser jogando a bomba. (SeuNome) sentiu suas mãos suarem e algo no peito apertar - Lauren?

O carro parou em frente a uma bonita casa em um condomínio luxuoso. O motor desligou e tudo o que se podia ouvir eram duas crianças brincando na rua de pega-pega. Lauren tirou o cinto e se virou para a amiga dizendo com cuidado:

– Demi está em coma.

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